16 de novembro de 2012

Primeira Impressão

The Abbey Road Sessions
Kylie Minogue


Existem artistas e ARTISTAS. Sim, ARTISTAS como todas as letras maiúsculas. Explicando: artistas são aqueles que se contentam em apenas fazer o básico. Estão felizes em apenas em seguir os passos da cartilha musical. Nunca passam disso sempre entregando o que todos esperam. ARTISTAS são aqueles que sempre vão além do que as pessoas esperam. ARTISTAS nunca estão satisfeitos com aquilo que já fizeram e sempre querem ir muito além do já foram. Artistas existem milhares, mas ARTISTAS é uma raça em extinção. E uma dessas espécie rara é a Kylie Minogue e a prova disso é o lançamento de The Abbey Road Sessions.

The Abbey Road Sessions é uma compilação dos maiores sucessos da australiana, mas não é apenas uma simples coleção de hits. Kylie regravou suas próprias canções dando para elas uma nova cara acompanhada de uma orquestra clássica. Com isso, suas músicas ganharam uma cara mais "refinada" e clássica com a reinstrumentalização feita. Essa nova roupagem poderia acabar bem mal por dois motivos: primeiro, as novas versões poderiam eclipsar as versões originais mostrando a fragilidade das canções de Kylie; segundo, as canções originais não poderiam se ajeitar aos novos estilos resultando canções deslocadas e datadas. Contudo, nada disso acontece. A produção de Abbey Road Sessions é genial ao recriar as pérolas pop em canções atemporais sabendo como lidar com as diferenças de cada uma. Há um trabalho cuidadoso e genial na elaboração da construção que evidencia no resultado que não apenas cria faixas com qualidade, mas evidencia o quanto o trabalho de Kylie ao longo das duas décadas e meia é genial. As composições são evidenciadas com a pegada mais "nua" mostrada a riqueza de composição das músicas de Kylie e ao mesmo tempo o quanto brilhante foram os trabalhos de produção para criar hits envernizados de pop que parecem apenas canções "pop". É chover no molhado falar do trabalho genial da orquestra que acompanha Kylie durante a gravação no lendário estúdio Abbey Road, mas queria salientar a incrível produção instrumental feita. Eu já disse e vou repetir: para ser uma cantora de verdade não bata apenas ter uma voz "enorme", precisa saber se portar como uma verdadeira interprete. Nesse quesito Kylie é genial. Todos sabem que ela nunca não é dona de uma voz gigantesca só que além de ter cuidado da mesma ao longo dos anos mantendo o frescor do começo da carreira ela sabe como projetar emoção verdadeira e interpretar lindamente as canções e entregando até performances épicas. Mesmo sendo um pouco seguro demais a escolha do repertório, o resultado final compensa tudo. Antes vou as duas canções que tenho algo negativo a dizer: Where The Wild Roses Grow com o cantor Nick Cave não precisou de muito trabalho para ser transformada e Slow que na versão Abbey Road perdeu um pouco do brilho. Entre os grandes destaques do álbum estão a romântica/triste Better The Devil You Know, Come Into My World em uma versão minimalista, a emoção de Finer Feelings, Confide In Me em uma versão estilo tema de filmes do James Bond, o mega hit Can't Get You Out Of My Head em uma versão poderosa, o lindo single Flower (resenha a seguir), I Should Be So Lucky em uma pegada surpreendente melancólica e a "de fazer chorar" Never Too Late. Sempre digo que Kylie deveria ser considerada a verdadeira Princesa do Pop. Quer saber, não quero já que Kylie Minogue é uma ARTISTA de verdade e isso é bem mais importante.

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