26 de agosto de 2014

Primeira Impressão

My Everything
Ariana Grande


A principal diferença entre o debut álbum Yours Truly de 2013 com My Everything, segundo álbum da carreira de Ariana Grande, é a intenção: o primeiro apresentava uma cantora com grande futuro artístico, o segundo apresenta uma artista com um grande futuro comercial pela frente. E, mesmo com essa drástica mudança, Ariana conseguiu manter quase o mesmo nível do antecessor e entregar em My Everything uma mistura divertidamente despretensiosa de pop com R&B.

Apesar de não concordar a "poplização" de Ariana, tenho que admitir que entendo o motivo para isso: pegar o talento da cantora e expandir comercialmente para atingir as fronteiras do mainstream internacional. Do ponto de vista mercadológico está indo muito bem já que Ariana é um dos maiores sucessos do ano. Do ponto de vista artístico, mesmo com algumas ressalvas, o processo dá certo e aponto para os novos caminhos da carreira que pode funcionar se trabalhados da maneira correta. Antes de entrar no assunto sonoridade, é necessário falar do ponto que apenas melhorou do álbum anterior para My Everything: a voz de Ariana. Se antes, Ariana era uma promessa devido a potencial vocal comparado com a Mariah Carey, agora a cantora se consolida ainda mais ao entregar performances ainda mais seguras e com uma versatilidade que está vindo com a experiência. Claro, ainda falta algumas aparadas em certos pontos, mas, sem dúvida nenhuma, Ariana está no caminho certo para, quem sabe, ser a "A Voz" do futuro ao encontrar o sua própria personalidade. Ainda podemos ouvir ecos de suas influências em vários momentos, porém, as várias nuances que ela apresenta durante todo o álbum são impressionantes. É muito fácil ouvir o que digo em Break Free que é sucedida por Best Mistake: são duas canções completamente diferentes e que ganham distintas e sensacionais interpretações por Ariana. Sim,ela ainda presença em palco ainda precisa melhorar, e muito, mas, assim como os vocais, acredito que com o tempo ela vá melhorando. Agora, entramos na parte de produção.

My Everything é essencialmente um álbum pop, mas com grandes pitadas de R&B, eletrônico e, até mesmo, um pouquinho de hip hop. Mesmo que inferior ao anterior, o resultado no fim é bom. Porém, o grande problema aqui é o fato de que o álbum não fluir. Incrivelmente, esse problema não é causado pela "poplização" da cantora, pois o tom aqui usado, uma mistura de uma vibe pop dos anos noventa com uma atmosfera romântica 'fofinha, funciona muito bem. O que acontece de fato é que não há cadência na sequência de faixas resultado da mudança de estilos entre uma música e outra. Por exemplo, logo depois da R&B/hip hop Problem vem a dance pop One Last Time que logo é seguida por Why Try, uma balada pop mid-tempo, e depois aparece a EDM/pop Break Free. Apesar de não parece uma grande mudanças na teoria, na prática o resultado é a quebra de ritmo, por causa disso se perde a coesão do álbum. Bem diferente do que acontece com Yours Truly. Dessa maneira, as faixas de My Everything funcionam melhor separadas do que juntas. Mesmo assim, o ótimo trabalho do time de produtores do momento ajuda a qualidade do álbum ao entregar músicas redondinhas que, em alguns momentos, mostram claramente o potencial de Ariana da melhor maneira. Entre o mundo teen e adulto, as composições do álbum são condizentes com a atmosfera do trabalho: românticas, delicadas e cativantes. Não há momentos geniais, mas podemos notar um cuidado em não "brincar" com a inteligência do público alvo dela sem esquecer que Ariana já é uma mulher de verdade ao flertar com o lado mais sexual dela em algumas passagens. O grande momento do álbum é, sem dúvidas, a descolada Break Your Heart Right Back que fala sobre a traição de maneira interessante: a narrativa fala sobre o namorado de Ariana que a traiu com o melhor amigo dele (sim, uma relação gay, para quem não entender). De maneira respeitosa a letra não julga a condição sexual, mas, sim, a traição em si. Além disso, a participação do rapper Childish Gambino é ótima e o uso do sample I'm Coming Out da diva Diana Ross é sensacional e dá o tempero  perfeito para a canção. Gosto também de One Last Time por causa, principalmente, dos vocais maduros de Ariana. Assim como Best Mistake que surpreende pela sua produção e Problem que é um chiclete de primeira classe. Just a Little Bit of Your Heart é uma balada com base de piano bem conservadora, mas que Ariana carrega com destreza. Por outro lado, Hands On Me é tentar demais fazer a cantora parecer "cool" e sexy e You Don't Know Me , na versão deluxe, não funciona. Se eu fosse "orientar" a carreira de Ariana daqui para frente, iria colocar a cantora em um caminho parecido do que a Beyocé fez em seu último álbum no que tange a sonoridade. Contudo, Ariana está no caminho certo e quando ela unir as suas duas facetas, a do primeiro álbum com a desse, ela irar destruir muito forninhos por aí.

2 comentários:

João disse...

Jota
Sua opinião crítica é muito diferente do seu gosto pessoal?
Amo de paixão seu blog

Jota disse...

Não exatamente. Critica sempre vai ter lado pessoal que vem da bagagem de cada pessoa. O que difere é o fato de eu separar o fato do que eu gosto pessoalmente do fato de ser bom ou ruim. Se um artista que eu gosto fizer algo ruim, eu, como critico vou fazer a mais justa resenha. Se um artista que eu não curto pessoalmente fizer um bom álbum ou música eu, como critico, vou elogiar. E vice e versa. Valeu pelo carinho. Volte sempre!