14 de outubro de 2014

Estranhamente Bom

i
Kendrick Lamar


Uma das missões mais difíceis para um artista em começo de carreira é superar o sucesso de vendas quando o seu primeiro álbum é um sucesso comercial. A situação piora caso o primeiro álbum também seja um trabalho criticamente aclamado pela mídia especializada em geral. Da ótima safra de 2012, o primeiro a fazer o seu comeback primeiro e enfrentar o desafio é o rapper Kendrick Lamar que lançou o seu novo single intitulado apenas i (eu em português) recentemente que abre os trabalhos para o seu terceiro álbum de estúdio (ok, disse que esse seria o segundo, pois considero good kid, m.A.A.d city o seu verdadeiro álbum de estréia).

O novo single do rapper quebra com todss as expectativas de quem esperava algo parecido com as músicas do trabalho anterior como, pro exemplo, Bitch, Don't Kill My Vibe ou Poetic Justice. I é uma curiosa produção em que o rapper abre o seu repertório para uma batida mais leve, animadinha e despretensiosa em uma instrumentalização um pouco "lotada", mas que funciona de uma maneira estranha. Há influência de funk e soul music em i criando uma sonoridade que caminha na mesma direção que os trabalhos anteriores, mas que estão em estradas bem diferentes. Devo admitir que essa mudança é um pouco impactante em um primeiro momento e vai se dissipando quando se ouve a canção mais vezes quando se percebe que Kendrick usa desse verniz para elaborar uma composição bem mais profundo que pode se imaginar ao falar sobre depressão e o a luta em superar a doença. Novamente, o rapper se mostra bem acima dos seus contemporâneos ao ir além do lugar comum dos assuntos vinculados normalmente com o hip hop e mostrar uma pouco de humanidade em uma letra que consegue ser passar a sensação de "feel good" sem precisar recorrer a pieguismos fáceis. Transitando por diferentes maneiras de encarar o papel de um rapper, Lamar mostra sua imensa versatilidade ao flertar com seu lado "cantor" mesmo não sendo a sua melhor performance até hoje. "i" é uma música estranhamente boa, mas que pode ser apenas um pedaço do que Lamar está preparando para o seu novo trabalho. Vamos aguardar.
nota: 7,5

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