15 de março de 2016

Primeira Impressão

Butch Queen
RuPaul

Parece esquisito ter que lembrar que apesar do que parecer ser, divas pop podem vem em vários tamanhos, cores e modelos, isto é, nem todas as divas precisam seguir um modelo preestabelecido por um imaginário coletivo. Por isso, não é surpresa nenhuma que, até o momento, o melhor álbum pop de 2016 venha de uma diva pop que foge completamente dos padrões: a drag queen RuPaul com o ótimo Butch Queen. 

Lançado para ajudar a promover a nova temporada do reality RuPaul's Drag Race, Butch Queen é um trabalho que mesmo caindo em nicho especifico (a música queer), consegue ser bem melhor que a maioria dos lançamentos do grande mainstream, além de ser o melhor álbum de RuPaul em anos. Sem nenhuma amarra pseudo-artística/intelectual por trás, RuPaul entrega uma explosão arrasadora de canções dançantes, carismáticas como pouca vezes eu ouvi aqui no blog, divertidas (até mesmo para aqueles que não estão familiarizados com a cena gay americana), despretensiosas, viciantes e, o mais importante, pop elevando a décima potencia. A mistura de várias influências como, por exemplo, música eletrônica com música latina e gospel com dance music transformam o álbum em um trabalho inspirado e atual, mas sem perder a pesada atmosfera das influências da clássica e atemporal cena da música gay dos anos oitenta e noventa já que RuPaul é uma cria desse período e um dos pioneiros em trazer essa sonoridade ao grande público. Com tudo um repertório de gírias queer e também de frases criadas por RuPaul, as composições de Butch Queen são perfeitas para fazerem o "lip sync for your life" como se não houvesse amanhã. Há também momentos mais "sérios" não tão bons, mas conseguem ficar acima da média. Para a maior parte das faixas, RuPaul adota o estilo de "falar" durante as performances, também outro aspecto da cultura gay americana. É dessa característica que boa parte do poder do álbum vem, pois RuPaul arrasa em cada faixa que vai por esse caminho. Nas outras, entrega boa performance com a sua voz limitadas, mas bem produzida. Como escrito antes, Butch Queen é um verdeiro desbunde para quem procura algo para dançar começando com faixa que abre o álbum Cha Cha Bitch e sua batida eletrônica latina, seguida pelo single U Wear It Well que clama para ser a nova Sissy That Walk, a maravilhosa e deliciosa Category Is…, Legends e sua batida eurodance/vogue, a inspirada em trap music Drop, Drag Queen Honey que é a prima de Let's Have a Kiki do Scissor Sisters e a R&B dançante Be Someone com a participação da cantora Taylor Dayne. Butch Queen não ajuda apenas a mostrar que o pop é bem mais interessante do vemos nas mesmas divas de sempre, mas que RuPaul é uma das maiores divas pop de ontem, hoje e amanhã.

Um comentário:

G. RLS disse...

Ela arrasa mesmo ! Eu fico imaginando um feat com outra diva pop... seria incrível!